Conheça melhor a Hipertensão Arterial

MONITORIZAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL

Medição no domicílio é importante?

A medição da Pressão Arterial (PA) em casa é um complemento importante à medição da PA no consultório, sendo útil na avaliação do controlo da Hipertensão Arterial (HTA). A medição em ambiente de consulta, pelo seu Médico, mostra como está a PA naquele momento. Contudo, a PA sofre várias oscilações ao longo do dia, sendo influenciada por diversos fatores tais como a alimentação, o stress, o esforço físico e a medicação. Assim, a auto-medição da PA em ambulatório (conhecida como AMPA), ao fornecer um maior número de medições da PA, em condições ideais, fora do contexto de consulta, permite ter uma perceção mais fidedigna do seu perfil tensional. Podemos assim comparar a PA no consultório a uma fotografia do momento e a medição da PA em ambulatório a um vídeo, tendo em conta as medições sequenciais ao longo do tempo que são feitas. Assim, o seu Médico poderá recomendar a auto-medição da PA, de forma a obter informações sobre a eficácia da medicação anti-hipertensora e em algumas situações, tais como:

  • Avaliar a “Hipertensão de Bata Branca”, definida como uma elevação persistente da PA no consultório e valores normais fora deste. Tal acontece porque, por vezes, em ambiente de consulta, algumas pessoas ficam mais ansiosas, o que contribui para um aumento transitório da PA;
  • Avaliar a “Hipertensão Mascarada”. Ao contrário do que se verifica na “Hipertensão de Bata Branca”, nesta condição verificam-se valores normais de PA no consultório, mas valores elevados fora deste;
  • Hipertensão Gestacional
    • A Monitorização da PA em casa obedece a alguns princípios e reúne características específicas, nomeadamente no que respeita ao tipo de aparelhos e forma de medição.

Como escolher o aparelho para medição da PA?

Há uma enorme variedade de aparelhos existentes no mercado, mas nem todos são recomendados. 
É importante que se aconselhe com o seu Médico na seleção do dispositivo mais apropriado.

Na escolha do aparelho para medição da PA, tenha em consideração as seguintes características: 

  • Devem ser aparelhos automáticos de medição da PA no braço. Os dispositivos que pressupõem a medição no punho ou nos dedos, ainda que colocados junto ao coração, fornecem valores tensionais pouco credíveis;
  • Escolha um aparelho validado. As especificações relativas à validação deverão constar das informações fornecidas pelo fabricante. Para verificar a lista de aparelhos validados, pode consultar www.stridebp.org;
  • Devem ser usadas braçadeiras de dimensões adequadas (pequenas, standard ou largas) de acordo com o diâmetro do braço (veja imagens abaixo – Figuras 1 e 2);
  • Idealmente devem possuir uma memória sólida para um número relevante de medições.

Como e quando medir?

Tal como foi mencionado anteriormente, para ter significado clínico, é importante ter alguns aspetos em conta na medição da PA no domicílio:

  • A PA deve ser avaliada num ambiente calmo, após 5 minutos de descanso. Não deve ter fumado, ingerido estimulantes ou feito exercício nos 30 minutos prévios à medição da PA;
  • Deve estar na posição sentada, com as costas e braços apoiados;
  • A PA deve ser medida no braço que evidenciou de forma consistente valores tensionais mais elevados;
  • A avaliação da PA deve ser feita pelo menos durante 3-4 dias, preferencialmente durante 7 dias consecutivos, em 2 períodos do dia: de manhã e à tarde;
  • Em cada avaliação da PA, devem ser feitas 2 medições, com 1-2 minutos de intervalo;
  • Registe as medições efetuadas, bem como o dia e a hora. Partilhe este registo com a sua equipa de saúde. 
    Veja o vídeo exemplificativo.
      

E se os valores estiverem baixos - Devo preocupar-me?

Se não tiver nenhum sintoma, não há motivo para se preocupar. 
Os sinais e sintomas que se relacionam com a PA baixa incluem:

  • Tonturas
  • Desmaio
  • Sensação de desequilíbrio
  • Visão turva
  • Palpitações
  • Confusão mental
  • Fadiga
  • Dificuldade de concentração
  • Pele fria e pálida
  • Náuseas

Se experimentar algum destes sintomas, a PA baixa pode ter uma causa subjacente, pelo que é importante que seja observado pelo seu Médico. 


A PA pode diminuir por várias razões:

  • Diminuição do volume sanguíneo: pode ocorrer como resultado de uma hemorragia abundante ou desidratação;
  • Medicação: alguns tipos de medicação podem baixar a PA, incluindo os diuréticos e outros anti-hipertensores, alguns antidepressivos, medicamentos usados no tratamento da doença de Parkinson, entre outros;

  • Patologias graves tais como o choque séptico (infeção grave) ou anafilático (reação alérgica) provocam um declínio importante da PA, que pode colocar a vida em risco;
  • Problemas cardíacos: algumas condições como a insuficiência cardíaca, o enfarte agudo do miocárdio, a bradicardia (frequência cardíaca baixa) e doenças das válvulas cardíacas, podem conduzir a uma diminuição da PA;
  • Problemas endocrinológicos: alguns problemas hormonais como o hipotiroidismo e a insuficiência supra-renal podem causar diminuição da PA;
  • Hipotensão neurologicamente mediada: esta condição relaciona-se com um problema de comunicação entre o coração e o cérebro, e ocorre após um longo período em pé;
  • Problemas neurológicos: a PA pode diminuir se houver algum problema com o sistema neurológico autonómico (parte do sistema nervoso que controla funções como a respiração, circulação do sangue e digestão);
  • Repouso prolongado no leito.


O que é a hipotensão ortostática ou postural?


É a queda da PA resultante da mudança da posição de sentado ou deitado, para a posição de pé. Os sintomas resultantes são transitórios, durando habitualmente alguns segundos, enquanto a PA se ajusta à nova posição.
Alguns gestos podem limitar os sintomas de Hipotensão:

  • Levantar-se gradualmente
  • Evitar estar longos períodos de tempo em pé
  • Manter uma boa hidratação
  • Comer frequentemente ao longo do dia


E se os valores estiverem altos – O que fazer?


A ocorrência de uma súbita e marcada elevação da PA é comumente conhecida como crise hipertensiva. A sua gravidade relaciona-se sobretudo com a magnitude da elevação tensional e rapidez de instalação, e não tanto com o valor absoluto da PA. É importante realçar que num doente com HTA existe adaptação estrutural dos vasos arteriais, estando por isso mais protegidos, relativamente aos indivíduos normotensos, das consequências do aumento súbito da PA.


Em termos de valores absolutos, considera-se crise hipertensiva quando se verificam 
valores de PA sistólica > 180 mmHg ou PA diastólica > 120 mmHg.

Se obtiver estes valores na medição da PA no domicílio, deve aguardar uns minutos e medi-la novamente. Caso persistam estes valores tensionais e não tenha quaisquer sintomas, marque consulta com o seu Médico.

Urgência Hipertensiva:


Situação em que há uma elevação marcada dos valores de PA, na ausência de sinais e sintomas de dano nos órgãos-alvo (cérebro, coração, rim e vasos). 

O tratamento baseia-se na instituição ou ajuste da medicação anti-hipertensora (aumento da dose do fármaco ou associação de um novo fármaco). Nos casos em que houve suspensão da terapêutica anti-hipertensora, deve retomar-se a medicação previamente prescrita
Contudo, na presença de sintomas tais como dor torácica, falta de ar, alterações visuais ou dificuldade em falar, deve dirigir-se ao Serviço de Urgência.

Emergência Hipertensiva: 


Situação em que há uma elevação marcada dos valores de PA, associada a sinais e sintomas de lesão/disfunção grave de órgãos-alvo.

O tratamento é urgente e deverá ser administrado a nível hospitalar.

As consequências de uma subida tensional marcada podem ser graves e incluem, por exemplo:
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC)
  • Encefalopatia hipertensiva (que se pode traduzir por alterações do estado de consciência e perda transitória da visão
  • Problemas cardíacos: Enfarte do miocárdio/Angina de peito/ Insuficiência cardíaca
  • Insuficiência renal aguda
  • Complicações da gravidez (ver Hipertensão Arterial na grávida).